Empório das Corujas

Aquele era o dia em que eu voltava ao meu mundo: O mundo da Magia. Sim, já lembrava o Harry a falar desta maneira. Mas, na realidade, era aqui que me sentia verdadeiramente bem.
Deixei os meus pais numa das lojas em Londres e decidi aventurar-me sozinha pelas ruas da Diagon-Al. Talvez o Harry já tivesse saído de Privet Drive e aparecesse por ali. Ou talvez o Ron viesse dar uma volta com a família, visto que a época das aulas se aproximava. Eu já começara a contar os dias até os voltar a ver. Aos dois. Mesmo que isso significasse que iria ter de aturar aquele insensível.
Tinha acabado de entrar no Empório para comprar a prenda que os meus avós me haviam prometido quando os meus olhos se prenderam na coruja mais linda que já havia visto. Aproximei-me com cuidado e afaguei-lhe as penas devagar.

- Ron!
Gritei mal senti os pés levantarem-se do chão. Cada vez mais se podia comparar Ron a um armário, tanto em altura como em estatura.
- Põe-me no chão!

Mandei-lhe uma chapada na mão, fazendo-me de amuada.
- Parvo.

Deixei que ele me abraçasse, mas apressei-me a soltar do conforto do seu peito.
- Cheguei agora mesmo. Vim buscar a minha prenda de anos.

- Não sei, aa... Os meus pais estão em Londres e não os avisei...
Olhei para a coruja que tencionava comprar uma vez mais.

- Tinha pensado nisso sim. Já tenho o Crookshanks mas não é a mesma coisa. Sempre quis ter uma coruja. Tu tens a Pig e o Harry tem a Hedwig, por isso...
Tentei evitar encará-lo. A ideia de passarmos a tarde juntos e sozinhos assustava-me. Bem, o Ron era meu amigo, mas...

- É... Pois...
Olhei para a coruja fixamente, tentando encontrar assunto. Algo que não tivesse a ver connosco. Comigo e com ele. Estar ao pé do Ron assim sozinha era... Eu sabia lá explicar direito o que era!
- Acho que até já tenho nome para ela e tudo.

- Tenho uns gostos assim tão maus, é?
Olhei-o desconfiada, de braços cruzados. Bem, se ele o achava... Quem era eu para contrariar. Mal ele sabia que... Ahh, que burra!

- Tu lá sabes, Ronald.
Fiz uma última festinha nas penas da coruja, antes de me afastar e ir ao balcão da loja.
E ele ainda queria passar a tarde comigo? Para quê? Para passar o tempo a implicar?

Senti-me corar quando o ouvi dizer aquilo. O Ron nunca dizia aquelas coisas e muito menos se aproximava de mim daquela maneira.
- O que queres?
Quando me virei para ele, dei-me conta do quão perto nós estávamos. Não fui capaz de fazer outra coisa senão desviar o olhar.

Consegui respirar, finalmente, quando o senti afastar-se.
- Ron, eu não... Eu não sei se posso...
Na verdade, eu queria. Muito mesmo. Pelo menos, podia ser que desta vez ele abrisse os olhos e... Bolas, mas o que raio é que eu estava a imaginar? Que ele ia acordar e dizer que gostava de mim? Sim, pois. Sonha, Hermione Granger!